Isabela do Lago

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Belém, Pará - Amazônia, Brazil
A natureza da coisa arte em minha trajetória ocupou lugar no que se diz opção profissional, nem sei dizer nada a respeito de vocação pois nunca ouvi o tal "chamado". Por toda a minha vida tenho cercado o ato de produzir imagens, sejam elas desenhadas, pintadas, fotografadas, filmadas, dançadas, cantadas ou aquelas que figuram mundos internos nas almas imersas em situações nada concretas, a realidade vem a partir da leitura de quem se presta ao ato existir. Intuição, paixão e o nada me tocam neste viver o sentimento criativo desde que sinto coisas que não vejo e procuro transformá-las em algo visível e para que isto aconteça vivencio a criação no momento dela - e depois a esqueço.

sábado, 31 de outubro de 2009

A lua de hoje



A lua acabou de chegar aqui em casa

dizendo que a noite será longa


Acendeu uma luz amarela de verão sobre o palco onde caíam vasos e gentes vazias,

A platéia que se encontrava numa doce penumbra

Subitamente se acendeu em luzes lilases atirando todo o tipo de lixo ao palco

A lua se fez de gente para pedir silêncio

O espetáculo começou

E os ratos cagaram sobre os vasos quebrados no centro de cena

Nem a platéia que estava ali para assistir ao espetáculo percebeu

Porque faziam barulho demais

Lilás: Temperança, arcano 17, misturando vermelho e azul na proporção de 1:2 em cotas de matemática intuitiva.

O silêncio pode limpar o espírito aflito

Silêncio


Isabela do Lago

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Asas à violência

Há séculos e séculos a mulher, ou os homens e mulheres que assumem papel feminino diante da sociedade sofrem com a violência de gênero, violência esta que se revela em diferentes níveis e fere fisica e subjetivamente a pessoa do gênero feminino.
No entanto, muitas pessoas rotulam a violência de gênero como "briga de marido e mulher", mas a questão vai mais além de tapas, empurrões, chutes, estupros e outras formas de representação da masculinidade doentia gerada pela sociedade paternalista.
A Lei nº11.340, popularmente conhecida por Lei Maria da Penha, prevê como criminosas situações de violência moral e psicológica , dentre outros casos, conforme http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.340-2006?OpenDocument
Mas o que quero ressaltar aqui, é minha indignação diante de um texto publicado no blog da jornalista Cleide Magalhães que na intenção de divulgar a última programação do Corredor Polonês, sugestiona a agressão contra a mulher de maneira vulgar e medíocre como podem conferir em http://ojornalismodaasas.blogspot.com/2009/10/surra-de-arte-no-corredor-polones.html
Está aberta a questão a quem quizer responder:
Que asas são estas que o jornalismo dá?
Será que apelos violentos já não estão batidos demais no mercado da cultura de consumo brasileira?
O Corredor Polonês não merece ser castigado com este descabelamento midiático de página policial, aquele lugar tem uma bela história porque conta a história da cidade de Belém através da transformação estética. Sinto muito...
Ademais a citação de Nelson Rodrigues está absolutamente fora de contexto, e muito mal colocada, se eu estiver errada, por favor, me desculpem, até porque ela publicou, mas não sei se quem escreveu o infeliz texto foi a mesma, eu me recuso a acreditar que tal pensamento sobre a arte com forte apelo à violência tenha saído de alguma das cabeças que pensam o Corredor Polonês, porque pessoas de sã consciência política tem o dever de combater a violência de gênero e não simplesmente estimular uma postura ofensiva como esta em nome da Arte, e o que é pior, eu como MULHER, artista e fundadora do movimento cultural Corredor Polonês durante 5 anos de minha vida, e ativista dos direitos da mulher, tendo inclusive usado a arte no combate, prevenção e tratamento de mulheres em situação de violência familiar e doméstica me sinto ofendida e diante do ocorrido é com muito pesar que me declaro definitivamente(agora sim!) desvinculada de tal lugar.
Gente, será que ninguém por lá leu isto antes de ser publicado? Ou isto foi proposital? E ainda têm pessoas que se dizem intelectuais e apreciadoras de arte que prestigiam tal iniciativa?
Quem quizer que me atire pedras, mas se a origem da idéia foi feminina, sinto-me envergonhada por esta pessoa, e se foi masculina, quero dizer que há tratamento para a misoginia, já o machismo exacerbado é um problema social que precisa ser combatido, acreditem em mim: Mulher não gosta de apanhar, e arte não bate em ninguém que já não esteja interiormente machucado.
Isabela do Lago