Há séculos e séculos a mulher, ou os homens e mulheres que assumem papel feminino diante da sociedade sofrem com a violência de gênero, violência esta que se revela em diferentes níveis e fere fisica e subjetivamente a pessoa do gênero feminino.
No entanto, muitas pessoas rotulam a violência de gênero como "briga de marido e mulher", mas a questão vai mais além de tapas, empurrões, chutes, estupros e outras formas de representação da masculinidade doentia gerada pela sociedade paternalista.
A Lei nº11.340, popularmente conhecida por Lei Maria da Penha, prevê como criminosas situações de violência moral e psicológica , dentre outros casos, conforme http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.340-2006?OpenDocument
Mas o que quero ressaltar aqui, é minha indignação diante de um texto publicado no blog da jornalista Cleide Magalhães que na intenção de divulgar a última programação do Corredor Polonês, sugestiona a agressão contra a mulher de maneira vulgar e medíocre como podem conferir em http://ojornalismodaasas.blogspot.com/2009/10/surra-de-arte-no-corredor-polones.html
Está aberta a questão a quem quizer responder:
Que asas são estas que o jornalismo dá?
Será que apelos violentos já não estão batidos demais no mercado da cultura de consumo brasileira?
O Corredor Polonês não merece ser castigado com este descabelamento midiático de página policial, aquele lugar tem uma bela história porque conta a história da cidade de Belém através da transformação estética. Sinto muito...
Ademais a citação de Nelson Rodrigues está absolutamente fora de contexto, e muito mal colocada, se eu estiver errada, por favor, me desculpem, até porque ela publicou, mas não sei se quem escreveu o infeliz texto foi a mesma, eu me recuso a acreditar que tal pensamento sobre a arte com forte apelo à violência tenha saído de alguma das cabeças que pensam o Corredor Polonês, porque pessoas de sã consciência política tem o dever de combater a violência de gênero e não simplesmente estimular uma postura ofensiva como esta em nome da Arte, e o que é pior, eu como MULHER, artista e fundadora do movimento cultural Corredor Polonês durante 5 anos de minha vida, e ativista dos direitos da mulher, tendo inclusive usado a arte no combate, prevenção e tratamento de mulheres em situação de violência familiar e doméstica me sinto ofendida e diante do ocorrido é com muito pesar que me declaro definitivamente(agora sim!) desvinculada de tal lugar.
Gente, será que ninguém por lá leu isto antes de ser publicado? Ou isto foi proposital? E ainda têm pessoas que se dizem intelectuais e apreciadoras de arte que prestigiam tal iniciativa?
Quem quizer que me atire pedras, mas se a origem da idéia foi feminina, sinto-me envergonhada por esta pessoa, e se foi masculina, quero dizer que há tratamento para a misoginia, já o machismo exacerbado é um problema social que precisa ser combatido, acreditem em mim: Mulher não gosta de apanhar, e arte não bate em ninguém que já não esteja interiormente machucado.
Isabela do Lago