Isabela do Lago

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Belém, Pará - Amazônia, Brazil
A natureza da coisa arte em minha trajetória ocupou lugar no que se diz opção profissional, nem sei dizer nada a respeito de vocação pois nunca ouvi o tal "chamado". Por toda a minha vida tenho cercado o ato de produzir imagens, sejam elas desenhadas, pintadas, fotografadas, filmadas, dançadas, cantadas ou aquelas que figuram mundos internos nas almas imersas em situações nada concretas, a realidade vem a partir da leitura de quem se presta ao ato existir. Intuição, paixão e o nada me tocam neste viver o sentimento criativo desde que sinto coisas que não vejo e procuro transformá-las em algo visível e para que isto aconteça vivencio a criação no momento dela - e depois a esqueço.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

PASOLINI DÓI? DÓI.




Mais azul, mais fria, mais, mais... como não tem luz? Há muita luz no azul, sobretudo há luz amarela. Não vê? Normal, é o diário processo de enganação retiniana que age no bicho-córtex fazendo as coisas rodopiarem a percepção.
Veja o mar, está cheio de orixás e voduns!
Veja a natureza, oh singular e admirável in-pessoa que me toca!
Veja a tinta faz formas a partir de cores!
Veja que nasceu uma borboleta na fechadura daquela porta!
Veja só, outro dia os covardes a perseguiam e prenderam-na e hoje ela que é a maioral!
O azul clarinho na paisagem desertificada de Pasolini e amantes em busca e em fuga, a fundamental existência criativa para que saia daqui uma segunda porta que abrirá uma segunda chance e nascerá um segundo ver.
Amar Pasolini é nada fácil, ele me fere a cada quadro, como se quisesse arrancar-me os cílios fio-a-fio, mas entro em contato com meus sentimentos mais profundos a cada vez que vejo a princesa sonhar com os pombos presos à rede, e quando um se solta o outro é que fica preso. Oh, desencontro e angústia!
E fala das paixões e torturas de querer e querer o outro corpo, a outra fala, a outra alma a ponto não conseguir pensar em nada, oh, inferno de ausência!
Quanto ao azul pasolineano de Arabian Nights, análogo ao planeta Terra: No início era tudo azul, depois veio a luz amarela do sol, quimicamente misturadas, nasceu o verde, as matas, a ilusão, a fuga e a busca.
Das pombas presas por uma rede, em homenagem a este episódio de minha percepção, fiz uma borboleta, presa à fechadura da segunda porta. Diferentes espaços onde seres alados são encantados e passeiam tranquilamente entre o céu e a terra, prendê-los é quebrar o encantamento do encontro e fabricar mais uma nova espera. Estou aqui, logo aqui, nesse mundo onde a dor moral vibra e geme dentro do calabouço das almas que sofrem a eterna espera.
Isabela do Lago.

Com uma péssima máquina fotográfica, registrei detalhes da 2a.porta. Pois é, esse papo de tecnologia do possível não cola, não.
Isto é óleo s/ porta.

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