Isabela do Lago

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Belém, Pará - Amazônia, Brazil
A natureza da coisa arte em minha trajetória ocupou lugar no que se diz opção profissional, nem sei dizer nada a respeito de vocação pois nunca ouvi o tal "chamado". Por toda a minha vida tenho cercado o ato de produzir imagens, sejam elas desenhadas, pintadas, fotografadas, filmadas, dançadas, cantadas ou aquelas que figuram mundos internos nas almas imersas em situações nada concretas, a realidade vem a partir da leitura de quem se presta ao ato existir. Intuição, paixão e o nada me tocam neste viver o sentimento criativo desde que sinto coisas que não vejo e procuro transformá-las em algo visível e para que isto aconteça vivencio a criação no momento dela - e depois a esqueço.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Gente líquida em vídeo experimental



o PONTO NEVRÁLGICO DA DOR LÍQUIDA

Vivo em Belém do Pará, entre as chuvas e o nada.
Cresci em residência perto dos rios, mares, tempestades e igarapés, e hoje percebo que nós, os paraenses nadamos num mar de preconceitos seja ele do país - Brasil em nossa direção, como se não fôssemos brasileiros, seja entre nós mesmos, uns aos outros nos estranhamos em nossa pluralidade cultural, justo aqui onde o modelo de “progresso” implantado com a colonização branca até hoje trai a confiança de meninos e meninas, ofende e humilha a honra de homens e mulheres.
Somos campeões brasileiros no ranking da violação de direitos humanos, Belém, surge no tempo atual como uma cidade – cortina cenográfica que está localizada em frente ao rio-mar, ladeada pela favelização das comunidades rurais e cada vez mais distante das matas onde vivem os deuses da natureza que deviam nos proteger.

UM DESABAFO AO GTU

Resolvi meter num saco de gatos minhas ansiedades criativas e transformar meu diário de bordo dos últimos encontros do GTU em video. parece que consegui, muito embora, isto tenha mais haver com meu projeto de exposição de pinturas do que qualquer outra coisa, mas é pensamento meu, e faço o que bem entender com isso!
Estou revoltada, hoje choveu pra caralho, me atrapalhei no trânsito, cheguei na ETDUFPA com 30 minutos de atraso e não me abriram a porta pra entrar... e eu tinha tanto a dizer.
Não compreendem que trabalham com seres humanos? que chove? que trabalho? que filho? que projeto? que vida louca todos temos nesta droga de metrópole da Amazônia?
Além do mais, não temos os contatos da coordenação, ao menos eu não tenho, mando mail ao Ives e ele nem responde... então o elenco é o que?
SEJAMOS DIGNOS DE NÓS MESMOS!!!

POESIA ÚMIDA PARA REGISTRO AUDIOVISUAL

desequilíbrio antes do entardecer
em guarda a chuva cai
para me defender
então ferve uma parede ôca
entre o pulmão e a boca
solta o ar
de dentro da terra louca.

Assista ao vídeo experimental em http://www.youtube.com/watch?v=8JqNQt5oqh0

Isabela do Lago.

Um comentário:

  1. "[...]Estou revoltada, hoje choveu pra caralho, me atrapalhei no trânsito, cheguei na ETDUFPA com 30 minutos de atraso e não me abriram a porta pra entrar..." Parece frase universal, minha cara bela... escrevi isso num diário de bordo em 2006, quando numa situação muito similar, assisti a aula da Wlad do corredor da sala, tal como uma deficiciente visual, com sons que ecoavam apenas pelas poucas palavras que vazavam em minha direção. Parecem que essas palavras vazadas entendiam que eu queria e precisava está ali, exatamente daquele jeito e daquela forma,naquele dia. Desde então essas palavras me buscam provocantes a me inquirir sobre o lugar que ocupo no tempo e no espaço das coisas. Isso não me condicionou, ao contrário, me deu norte, bati minhas asas úmidas e me coloquei onde realmente deveria estar: aqui, hoje, nesse mesmo tempo que me traz a vc pra com-par-ti-lhar da mesma indignação: CARALHO!!!!!!!!!! Pq tem que ser assim?
    Portas e janelas talvez sirvam exatamente para isso, para vazar indagações e revoltas... vazar, vazar... extravazar... Desde então sou especialista em dar de ré às portas fechadas: eu mesma as faço e as escancaro na direção daquilo que me solicita. Façamos, pois... estamos juntas. Abço

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